As nuvens desenhavam estranhas formas no céu cinzento e pesado, prenúncio do temporal.Você parecia vir em minha direção, mas passou por mim, sem me notar.
Não demorou para que a chuva finalmente chegasse, forte, deixando no ar aquele cheiro inconfundível que levantava das ruas empoeiradas.
A chuva...
Você parou alguns metros à frente, junto ao meio-fio, esperando que o sinal abrisse. Braços abertos, estendeu as mãos, recebendo a chuva no rosto como quem recebesse uma dádiva, um presente especial.
Aproximei-me e parei ao seu lado, esperando que você notasse minha presença... mas nada aconteceu.
Minhas mãos alcançaram as suas ainda a tempo de levá-las aos lábios para um beijo antes que você se soltasse e atravessasse a rua sorrindo, sem olhar para trás.
A chuva diminuiu transformando-se numa garoa muito fina, assim que você sumiu do outro lado, por entre o emaranhado de pessoas que iam e vinham apressadas.
Cada passo seu deixara um rastro de cores que escorreram pelo chão, unindo-se umas às outras, e transformando-se em pequenos espelhos d'água multicoloridos.
Então, os raios de um sol ainda tímido preguiçosamente infiltraram-se por entre as nuvens de gaze e um arco-íris perfeito cobriu o céu.
Nele,reunidas, as cores que você espalhou pelo caminho.
As verdadeiras.
As puras.
As suas.
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