sexta-feira, 5 de março de 2010

Oração da Alma

Que eu me permita
Olhar e escutar e sonhar mais
Falar menos
chorar menos
Ver nos olhos de quem me vê a admiração que eles me tem e não a
inveja que prepotentemente penso que tem
Escutar com meus ouvidos abertos
e minha boca estática
as palavras que se fazem gestos e os gestos que se fazem palavras
Permitir sempre escutar aquilo que eu não tenho
Me permitindo escutar
saber realizar
os sonhos que nascem em mim e por mim...
e comigo morram por eu não saber sonhar
então que eu possa viver:
os sonhos possíveis
e os impossíveis
aqueles que morrem
e ressuscitam
a cada novo fruto
a cada nova flor
a cada novo calor
a cada novo dia
que eu possa sonhar o ar,
sonhar o mal
sonhar o amor
sonhar o amalgamar
que eu me permita o silêncio das formas
dos movimentos
do impossivel
da imensidão de toda a profundeza
que eu possa substituir
muitas palavras
pelo toque
pelo sentir
pelo compreender
pelo segredo das coisas raras
pela oração mental(aquela que a alma cria e que só ela, alma ouve e só ela, alma responde)
que eu saiba dimensionar o calor
experimentar a forma
vislumbrar as curvas
desenhar as retas
e aprender a saber da exuberância
que se mostra
nas pequenas manifestações da vida
que eu saiba reproduzir na alma a imagem que entra pelos meus olhos
fazendo parte suprema da natureza
criando-me
e recriando-me a cada instante
que eu possa chorar menos de tristeza e mais de contentamento
que meu choro não seja em vão
que em vão não sejam minhas dúvidas
que eu saiba perder meus caminhos
mas saiba recuperar meus destinos com dignidade
que eu não tenha medo de nada
e principalmente de mim mesmo
que eu não tenha medo de meus medos
que eu adormeça toda vez que eu for derramar
lágrimas inúteis e desperte com o coração
cheio de esperanças
que eu faça de mim
uma mulher serena
dentro da minha própria turbulência
sábia dentro de meus limites pequenos e inexatos
humildes diante de minhas grandezas tolas e ingênuas(que eu me mostre o quanto são
pequenas minhas grandezas e o quanto valiosa minha pequenez)
permita-me eu ensinar o pouco que sei e aprender o muito que não sei
traduzir que os mestres ensinaram e compreender a alegria com que os simples traduzem seus pensamentos
respeitar incondicionalmente
o SER
O SER por si só
por mais nada que possa ter além de sua essencia
auxiliar a solidão de quem chegou
render-me ao motivo de quem partiu
e aceitar a saudade de quem ficou
que eu possa amar
e ser amada
fazer gentilezas quando recebo carinhos
fazer carinhos mesmo quando não receber gentilezas
que eu jamais fique só
mesmo quando
eu me queira só
AMÉM

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